domingo, 28 de janeiro de 2018

Downtime Teron


      Dia 20 de Ches, 5008 da 3ª Era
     Fomos derrotados por uma criatura em Caliphais, Balasar perdeu seu olho e uma das pernas, Haink também perdeu uma das pernas, o anão e a elfa estão cansados e abatidos. Eu estou cansado, durante três dias na estrada até Creyden eu não pensei muito no combate em si, apenas olhava por cima de meus ombros e esperava que Bartolomeu viesse atrás de nos e desse um fim no que nós começamos. Ele não veio, então teríamos de ir até Caliphais logo mais ou logo menos.
     Nessa noite foi que os sonhos voltaram, me lembrei de Greenstone, Baristian e pela primeira vez, Bartolomeu. No sonho ele e Baristian estavam lado a lado, um com um corpo pútrido e outro com seus cabelos brancos e minhas mãos disparavam magias até eu ser sufocado por eles, que caiam sobre mim como sombras negras e densas. Nessa noite eu acordei soado e com medo, o primeiro turno da guarda era de Thorin e ele estava preocupado quando me levantei. Durante o resto da noite eu não dormi, agora enquanto monto guarda próximo a fogueira eu escrevo no livro, Arthanis me perguntou se eu não iria dormir agora que sua meditação tinha acabado. Eu dei uma desculpa qualquer e comecei a escrever novamente.
     Dia 21 de Ches, 5008
     No segundo dia de viagem, os sonhos me assolaram novamente, dessa vez o primeiro turno seria de Arthanis, já que Thorin durante nossa viagem contou para ela o ocorrido na noite anterior. Novamente fui tomado de sonhos vividos de combates, mas dessa vez meus dedos acordaram formigando, foi assim em todas as outras vezes que eu mudei, minha magia flui por mim.
     Dia 22 de Ches, 5008
     Chegamos em Napheris hoje, pela manhã, espero que a biblioteca seja um local onde minhas duvidas sobre o que Bartholomeu é sejam sanadas, escrevo isso durante meu desjejum, atualizarei em breve, sobre essas informações.
     Dia 23 de Ches, 5008
     Desmaiei em sono ontem, após duas noites sem dormir eu simplesmente apaguei antes mesmo de comer aos pés da fogueira, não tive sonhos. Infelizmente eles retornaram hoje, Bartolomeu e Baristian me atacando e sorrindo. Eu sei que ambos ainda estão a espreita, um em Caliphais e outro em algum lugar onde seja difícil de ser achado e fácil entrar no sonho das pessoas. Arthanis e Thorin seguem preocupados.
     Dia 26 de Ches, 5008
     Os sonhos e as noites mal dormidas seguem, os quase desmaios de cansado também, meu corpo começa a ter ondas onde eu sinto a magia se movendo por ele e indo até as pontas de meus dedos. Nos sonhos, eu disparo magias de ataque que eu nunca vi, algo que não conheço, ao chegar em Mahakan preciso falar com o Arquimago para que ele me esclareça assuntos relativos a elas, assim como questioná-lo sobre minha vila. Minha mãe segue aparecendo em alguns sonhos, mas não em todos. Arthanis e Thorin seguem preocupados.
     Dia 30 de Ches, 5008.
     Meu turno só dura 4 horas, em pouco tempo, Arthanis vai acordar, e eu vou ter que ir para o mundo dos pesadelos, mas agora eu já não temo, algo dentro de mim está crescendo e se tornando mais solido. Coragem? Eu não sei... Mas meu corpo parece estar mudando pela magia. Meu desejo por vingar-me de Bartolomeu aumenta a medida que Thorin e Arthanis conversam sobre como será a próxima vez. Entraremos para matar ou morrer, sem espaços para fugir.
     Dia 02 de Tarshakh, 5008.
     Os sonhos felizmente voltaram a permear minhas noites, calmamente agora passo ter mais controle sobre mim, mas sinto uma energia latente que se desenvolve em mim. Durante o dia, em que passamos em Hidrofe Lea pude consultar também os livros daqui, e todas as evidencias me levam a crer que Bartholomeu é um vampiro, ainda acreditando que suas diversas pistas, como a névoa, causada tipicamente por vampiros, os lobos nas proximidades de Caliphais e é claro, aquelas criaturas da prisão. Aprendi que as fraquezas de um vampiro são relacionadas a luz solar, paralisia devido a estaca de madeira no coração, símbolos sagrados e alho. E seus poderes são vastos, como o de seduzir criaturas, serem seres imortais perante o tempo, ficarem sem respirar por mais 1 hora e segundo o que consta armas comuns não fazem tanto efeito sobre eles. Outro ponto importante, já fechando o dia de hoje, porque Arthanis e Thorin me apressam para acabar logo de escrever, Lobisomens, criaturas amaldiçoadas pela licantropia e que são vistos em noites de lua cheia, também parecem apresentar uma resistência a armas comuns.
     Dia 11 de Tarshakh, 5008.
     Chegamos a Mahakan, pesquisei um pouco em uma biblioteca hoje também, após nos encontrarmos com Balasar, que por sinal parece menos abatido do que a ultima vez que o vi, talvez tenha sido impressão minha, mas eu acho que vi algo nos olhos do draconato, como uma chama, talvez ele esteja tão ávido por vingança quanto Thorin, Arthanis e eu, os artigos e livros encontrados falam as mesmas informações sobre vampiros e Lobisomens.
     Dia 12 de Tarshakh, 5008.
     O arquimago não está em Mahakan e após eu saber disso eu passei o dia com Thorin, que foi a procura de ferreiros para observar o método como cada um deles molda suas armaduras, o anão se demora perto de armaduras e descreve os sulcos que a armadura tem ou em seus relevos e fala com um brilho no olhar descrevendo quais processos de fabricação o metal passou, descrevendo métodos de resfriamento, eu balanço com a cabeça e rio, mesmo sem entender, durante o almoço nós contamos um pouco sobre nosso passado, eu revelo a ele um pouco sobre minha infância e ele me fala de Vikistra e logo após de Adbar, uma vila de um continente distante, onde era muito difícil de se chegar e me conta alguns feitos em sua terra, acredito que tenhamos conversado por horas, mas no final da tarde fomos expulsos porque o anão me contava a historia empolgado e sobe na mesa, com seu martelo em punhos, após sermos expulsos nós vamos até a estalagem onde estávamos rindo da cara do taberneiro e o medo que ele expressava ao ver o anão em cima da mesa. 
     Dia 13 de Tarshakh, 5008.
     Balasar já estava treinando há alguns dias, seu equilíbrio melhorou bastante e seu olho parece não fazer uma falta terrível em sua feição, deixa-o com um aspecto mais bruto e bem mais intimidador, Balasar é como sempre bem comedido em suas palavras, calmo como um monge deve ser, há alguns dias ele vinha treinando, afinal ele chegou a Mahakan antes de nós, durante o dia de hoje eu ajudei-o a treinar, depois de saber que seria difícil o arquimago retornar, ajudei-o com magias e tentando com as mão mágicas derrubar coisas em seu ponto cego e em sua perna cortada. Na pausa do almoço Balasar me contou sobre como isso lembrava ele de seu antigo monastério, na cidade de Thava, onde em alguns dias ele treinava até o almoço e após a refeição treinava até estar exausto, depois disso ele me conta sobre a crença no toril e como ele divide o mundo em plano material e espiritual e me diz sobre como eram majestosas as estatuas de dragões dourados que seguravam eles em sua vila.
     Dia 14 de Tarshakh, 5008.
     Hoje eu ainda não havia decidido o que fazer em relação a esperar o Arquimago ou procurar outro para me auxiliar ou me guiar em direção sobre o que houve em minha vila, vou pesquisar sobre o que consigo encontrar nas bibliotecas, mas deixei isso amanha, hoje eu resolvi seguir com a integrante da Companhia do Dragão que eu não tinha conversado tanto ainda, depois de passar um dia com Thorin e outro com Balasar, achei que deveria ir com Arthanis e tentar auxiliar no seu treinamento com arco e com Gaule, a ursa as vezes me assusta, mas perto de Arthanis parece ser dócil e bem mansa.
     No período da manhã, enquanto mira flechas em minhas mãos mágicas que eu movo de um lado a outro, Arthanis me conta um pouco sobre como aprendeu o idioma Orc e Goblin, o que me deixa surpreso, me conta sobre seu ódio contra drows e gnomos das profundezas e sobre a beleza de sua vila em Hullagh, como as tardes eram generosas em suas belezas, como as festas eram alegres no sorriso de seus conterrâneos, e a historia dela parou ai e ao recordar ela se calou, treinamos durante a tarde, novamente com mãos mágicas se movendo de um lado a outro, e em seus olhos eu via a chama que ardia dentro dela e ela conseguia acertar as mãos com uma rapidez que eu não havia visto antes, as mãos também tentaram tocá-la e poucas vezes conseguiram, ela imaginava drows, foi o que ela me disse quando voltávamos para a estalagem, porque não ousei perguntar nada durante o treino da tarde e ela tão pouco falou.
     Dia 24 de Tarshakh, 5008.
     Desisti de esperar pelo Arquimago, comecei a sondar pessoas sobre quais magos poderosos e sábios poderiam haver em Mahakan. Me contaram sobre alguns e acredito que amanha vou começar minha busca por eles nessa cidade gigante, espero ter sorte de conseguir alguém que saiba de algo.
     Dia 25 de Tarshakh, 5008.
     Algo estranho aconteceu hoje, estava voltando após ter falado com alguns magos que não puderam me ajudar e pouco antes de chegar até aqui, nessa hora tardia uma figura desengonçada e meio humanóide, parecia estar se equilibrando nos telhados para permanecer em pé, o que me chamou a atenção foi a capa que balançava ao vento, mas um instante depois ele pulou para outro telhado desaparecendo na escuridão, Mahakan é uma cidade estranha.
     Dia 26 de Tarshakh, 5008.
     Consegui uma pista, um homem chamado Dhulan era um mago respeitado apesar de ter uma fama de ganancioso, fui até sua casa e lhe perguntei a respeito de Greenstone, ele me diz que irá recolher o material e para que eu apareça lá amanha, acho que dessa vez conseguirei algo...
     Dia 27 de Tarshakh, 5008.
     Dhulan diz que só pode me passar a informação se eu der a ele uma erva encontrada em DollBereth, lembro vagamente de Thorin dizer que tinha pendências na floresta e apesar de meus receios, vou até lá, ele me entrega um anel e eu o coloco, sentindo minha mão e braço formigarem ao seu toque no mesmo instante, mas nada disso importou muito quando ele finalmente me revela alguns detalhes sobre o passado, me fala sobre a cidade dos Sissa, Rasiul, que eu descubro o nome, mas que já sei o motivo, outra foi um evento próximo a Theogonia, uma cidade destruída por um de meus conhecidos Baristian, que lançou sobre si uma magia que acabou o “matando”, mesmo eu sabendo que de alguma forma seu espírito vaga, um calafrio percorreu minha espinha quando o nome mago foi mencionado, a perola pareceu queimar dentro de minhas vestes a ouvir o nome do antigo mestre. Greenstone parece estar relacionado a um grande poder mágico ou a um ritual, eu preciso voltar a minha antiga vila.
     Antes que eu saísse Dhulan diz o efeito do anel, diz que em 6 meses ele irá dominar completamente meu corpo, caso eu não traga de volta a erva e que assim que eu o fizer estarei liberto de minha parte no acordo.
     Anotação preciosa: Dhulan apesar de útil é perigoso, não confiar nele em outras ocasiões.
     Dia 01 de Mirtul, 5008.
    Estamos nos preparando para voltar a Caliphais, durante esses dias pude ler novamente sobre vampiros e o grupo discuti de qual forma poderemos enfrentar o terrível Bartholomeu, a ansiedade do combate me faz sonhar sonhos em que lanço magias que o ferem, cada um de nós sente que essa será uma batalha a ser lembrada.

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