As princesas e príncipes do Reino de Hendulyar aprendiam desde muito jovens a caçar, lutar e a viver em harmonia com a natureza, trabalhar com metais, escultura, música e outras artes.
Quando Eryn nasceu, o reino já estava há muito tempo sem príncipes ou princesas, de uma forma que um pouco da tradição se perdeu. Adriel era muito zelosa e tinha medo que algo acontecesse com a sua pequena princesa, por isso cuidava para que ela ficasse a maior parte do tempo estudando história, aprendendo a fiar, bordar, tocar cravo e se especializando na arte da cura.
Seu pai, Gallindan, não concordava com Adriel, pois ambos sabiam que haviam muitos perigos no futuro de Eryn, por isso ele a ensinava o manejo com espadas e arcos, ensinava sobre as guerras e batalhas. Gallindan ensinava Eryn a preservar a vida.
Eryn aprendia tudo o que lhe ensinavam, mas o que ela mais gostava era de ficar ouvindo as histórias contadas pela sua avó.
A lenda da Aiwë Luin
A Aiwë Luin não deve ser abatida e é comumente respeitada pelos Elfos como ave protetora das florestas de Carvalho. Conta a lenda que, uma certa Aiwë Luin negra, dormia num galho de carvalho e foi acordada pelo som dos golpes de um machado. Assustada, voou para as nuvens, para não presenciar a cena do extermínio do carvalho.
Lá no céu, ouviu uma voz pedindo para que ela retornasse para os carvalhos, pois assim ela seria vestida de azul celeste e passaria a protege-los e a planta-los. A Aiwë Luin aceitou então a missão e foi totalmente coberta por penas azuis. Retornou então aos carvalhos e passou a espalhar a semente, conforme o desejo divino. Quem mata uma Aiwë Luin sofre os castigos dos deuses e se transforma numa nova Aiwë Luin.
Conta a lenda que uma velha praticava muitas maldades contra os aldeões. Os aldeões, cansados de tanta crueldade, resolveram tomar uma atitude.
Um feiticeiro negro, revoltado com suas injustiças, lançou um feitiço na velha, ela foi transformada em porca. Segundo dizem, a sina dela é andar fuçando com o focinho no chão a procura de um anel enterrado, quando encontrar esse anel, quebrará o feitiço e voltará a ser o que era.
Há uma lenda de uma arvore que produz a flor do duende. Essa árvore só aparece quando há um perigo eminente. As flores de duende indicam o local aonde está guardada a Mormacil, conhecida pelos elfos como a espada negra. Essa espada só pode ser empunhada pelo elfo de mais puro coração e é capaz de derrotar qualquer mal.
Às vezes, quando a flor de duende aparece, durante a madrugada, as flores se unem e se transformam em uma belíssima mulher com um vestido longo de seda e com cabelos dourados refletindo o luz e voando pelos ares, uma deusa que auxilia na busca pela espada.
Sua avó contava muitas histórias. A história que Eryn mais gostava era a história do Guerreiro e sua luta com o Beholder.
Havia um jovem elfo chamado Qildor ele estava treinando para ser o mais poderoso guerreiro da sua vila, mas ele era arrogante e mesquinho.
Certo dia Qildor estava caminhando pela vila quando viu Cirfin treinando com uma pequena espada de madeira. Cirfin era habilidoso, mas por um descuido tropeçou e caiu aos pés de Qildor.
- Ora, ora se não é o filho de porcos aos meus pés! Disse Qildor com desdém.
Cirfin era filho do criador de porcos da vila, e devido o seu nariz arredondado todos diziam que ele era filho dos porcos.
Cirfin se levantou e continuou o seu treino ignorando o insulto. Qildor que não gostava de ser ignorado puxou sua espada e disse:
- Se achas que és um guerreiro, venha e lute comigo.
Ao que Cirfin respondeu:
- Essa luta não seria justa, a minha espada é de madeira e a sua é de aço. Pegue essa espada de madeira e lutaremos em igualdade.
Qildor não se rebaixaria. Por isso, ao invés de lutar com Cirfin com a espada de madeira, ele propôs que os dois fossem em busca da mais perigosa criatura, o Beholder, e quem o derrotasse seria o vencedor.
Na manha seguinte os dois partiram para o lado mais sombrio da floresta, onde, segundo os boatos vivia o Beholder.
Naquela região da floresta não se ouviam nem pássaros e nem barulhos de outros animais.
Os dois caminhavam atentos, mas não perceberam que o Beholder se aproximava. De repente, ouviram uma voz:
- O que estão fazendo na minha floresta?
Os guerreiros pularam de susto, mas Qildor se recompôs e disse:
- Eu vim mata-lo! E sacou a sua espada.
Cirfin, que ao aceitar o desafio sequer sabia o que era exatamente um Beholder, ficou extremamente assustado, mas conseguiu dizer:
- Vim para derrota-lo mestre de todos os olhos.
- Pois bem, diz o Beholder. Qildor o ataca, porém num piscar de olhos, o guerreiro fica paralisado, congelado pelo olho do Beholder.
Cirfin ao ver Qildor paralisado se sacrifica lançando-se contra a criatura e ficando a sua espada de madeira no olho do Beholder. O Beholder cai com um baque mudo no chão, duro feito uma pedra. Mas já é tarde, antes do ataque, o Beholder havia usado o raio desintegrador. Cirfin se desintegrou.
Qildor se recompõe e volta para o vilarejo, sem esquecer a atitude heroica de Cirfin. Ele volta a treinar e se transforma no guerreiro que tanto almejava, mas agora não era mais arrogante e mesquinho, pois jamais pensaria que seria salvo pelo filho dos porcos.
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